quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Breve regresso ao passado


Foi quando te vi pela primeira vez que me esqueci que não existias, quando pela primeira vez não nos tocamos, e quando pela primeira vez não nos olhamos... estranhos ancorados, á espera do mesmo que nunca chegara, á espera de nada, simplesmente á espera...
Ironias meu caro destino, eu e ele fomos ironias para ti, inversão de papeis, embora tu sempre nos quisesses juntar, nos arranjavamos forma de brincar as escondidas...e foi numa dessas vezes que decidiste ser duramente vingativo e fizeste-nos perder um do outro... para sempre..
29 de novembro 2007
Pandora de Montmartre

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Memória


Em que espelho ficou perdida a minha imagem
em que beco ficou retida a minha vontade....?
Ja me lembro...
Perdi-me no caminho de regresso
enquanto ia jogando as escondidas contigo...
20 de novembro 2007
Pandora de Montmartre

Algo que nunca te disse


As vezes basta alguém
que nos acompanhe no nosso silêncio
Que nos cale
Com um abraço
Que nos sinta
Com um olhar
Que nos desvende em segredo
com gestos de enrredo
e contos de fadas
Será pedir muito?
Eu sei...
Falta sim pedir
Alguém que me cause um arrepio numa noite de Verão
Que me aqueça numa noite de Inverno
Que me sopre ao ouvido
E no ar que liberta
Se ouça a palavra amor
E num só murmurio
rasgue no céu estrelas
anjos e cinderelas
Nem que seja apenas viver as doze badaladas
mas acordar ao lado dum sussurro de paixão
Não apenas um sonho
Não me faças sonhar
Não me faças esquecer
Simplesmente faz-me viver
Segue-me nesta trilha desconhecida
e vamos numa aventura
apenas nós, criar uma história
sermos autores e escritores
traçar uma memória que nunca precise ser recordada
Não para criar momentos
Mas sim uma ligação sólida
Como um muro
Que me proteja com o cimento
E que me sustenha a imaginação com os tijolos
E nessa muralha faremos surgir sentimentos,
vamo-nos descobrindo e combrindo com toques de sedução
com carícias e malocias
na tendência ordinária da paixão...
20 de novembro 2007
Pandora de Montmartre/ Eduardo Cardoso

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Desculpa




Lentamente vou cedendo
vou-me esquecendo
sem conseguir voltar...
Lentamente vou-me deixando levar
afastando-me do teu olhar
do que sentimos...do que fomos
e já sem saber quem somos
ou o que criamos
lentamente vou-me perdendo
de mim...de ti...de nós....
Porque o tempo não para
e a vida é rara,
e tempo perdido é tempo esquecido,
e o que não quero esquecer
é o que não levo comigo
que guardo para ti
nesta caixa de segredos
onde moram todos os enrredos
do que fomos, do que criamos,
do que lamentamos
e nunca chegamos a partilhar...
Desculpa...
mas lentamente vou-me perdendo
de ti...de mim...de nós....
15 de novembro 2007
Pandora de Montmartre

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Fonte de pecado


Ouvi pequenas risadas,
vozes tranquilas com toque de sedução,
ouvi murmurios de paixão...
Rasgou-se uma luz no céu,
e vi corpos banhados em suor,
vi olhares enternecidos em amor...
Ninguém sabe,
mas os anjos também pecam...
12 de novembro 2007
Pandora de Montmartre

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Lição


Foi na recusa de dar
que aprendi a receber,
quando me estendes-te a mão
e eu preferi cair...
Ainda assim ficas-te lá
e ajudaste-me a levantar...
09 de novembro 2007
Pandora de Montmartre

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Magia da tua ausência




Sabes quantas vezes esperei por ti,
sem que nunca tivesses aparecido?
Quantas vezes senti o teu cheiro
sem que nunca me tivesses tocado
e quantas vezes senti o teu sabor
sem que nunca me tivesses beijado?
ah! se ao menos uma vez...
se ao menos uma vez tivesses chegado,
me tivesses tocado
e feito sentir o teu sabor...
sim eu sei...ter-se ia perdido toda a magia...
8 de novembro de 2007
Pandora de Montmartre



E o silêncio abateu-se,
vi-o cair e apodrecer,
sem rosto nem contorno.
Coberto de sangue foi levado
e nunca me chegaram a dizer
o nome daquele pecado...
8 de novembro 2007
Pandora de Montmartre

Catálise das horas


São quimeras que te acolhem,
sem chão, sem tecto,
que escondem as marcas do peito...
São asas quebradas
e pelo silêncio percorrem estradas,
escadas sem corrimão
onde a vertigem é queda.
Mas é no cair da noite
que se soltam as amarras
como quem solta a vontade,
como quem grita um sufoco
e se liberta, por instantes da dor...
8 de novembro de 2007
Pandora de Montmartre

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Conto de fadas


Vamos fazer de conta
que o meu corpo é um porto,
seguro mas frio
onde procuras desembarcar.
Vamos fazer de conta
que a minha boca é colmeia
doce de abelha
que tentas provar.
Vamos fazer de conta
que o meu toque é veludo
vestes de noite
que te fazem delirar.

Vamos fazer de conta
que de conta fazemos
que nada somos
e nada temos...
e a fazer de conta
somos senhores,
reis, autores,
dum conto de fadas...



6 de novemro de 2007
Pandora de Montmartre

Corda bamba


Faz-te na corda bamba senhora de ti,
deixa o vento afagar-te o rosto
e cai em ti mesma sem medo,
em secretas viagens, ternuras,
devaneios e loucuras...
Cada passo uma marca,
cada marca um avanço,
e é nesta corda que me balanço
e vivo cega em céus mais altos,
e toco anjos de sepulcro
sem cair no precipicio...
6 de novembro de 2007
Pandora de Montmartre

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Discretos




Perdeste-te nos meus olhos,
no contorno do meu corpo
e na frieza das palavras...
aproximaste-te em silêncio
como sombra que persegue
sem se fazer sentir...
agarraste-me com sussurros de melodia
e fizeste de mim prisioneira da tua ternura...
E fomos segredo,
imagem de tela,
palco,enrredo,
serenata ao luar,
estrela cadente,
paixão ardente....
e no fim, ninguém deu por nada....

5 de novembro de 2007
Pandora de Montmartre

Eras...


não sei se te disse,
mas tu eras a perfeição talhada ao pormenor,
a certeza que o mundo valia a pena,
a esperança que me alimentava...
O maior e mais precioso tesouro,
uma praia encantada,
uma ilha secreta
escondida e deserta...

Eras... e eu não sei se te disse...

29 de outubro de 2007

Pandora de Montmartre

deixa-me procurar-te




Deixa-me procurar-te
por entre a bruma da noite,
por entre as estrelas cadentes
e anjos que cantam na primavera

Deixa-me procurar-te
por entre as chamas de um leito
por entre a ternura de um beijo
e sonhos clandestinos

Deixa-me procurar-te
por entre palavras de loucura
por entre carícias e malícias
e na tendência ordinária da paixão

Deixa-me procurar-te
por entre seda secreta
fazer das tuas mãos meu único vestido
e encontrar-te obsceno sobre mim...

26 de outubro de 2007

Pandora de Montmartre

Vestido


No meio da noite chegaste envolvente…
Em silêncio abraçaste-me com ternura…

Sshhh, as palavras não servem para nada…
Torna-me noite, lua, estrelas,
Deita-te comigo num leito talhado por anjos,
E num gesto só faz-me ser tua…

Esta noite quero apenas vestir as tuas mão…

Pandora de Montmartre