domingo, 21 de setembro de 2008


Numa procura rebuscada um tanto ao quanto comodista, acabei por descobrir que há momentos na vida que não necessitam duma procura, mas sim dum encontro casual e simples. por vezes passamos demasiado tempo a olhar para as estrelas a tentar ver algo que na realidade esta mesmo ao nosso lado, numa conjugação de perda e de reencontro que acaba por dar um sentido ambiguo á forma como vivemos e desfrutamos das diversas situações. Creio que me perdi algures entre uma defesa incontrolável e automatica, e um sentimento profundo que me fazia divagar numa utopia lamentável. Mantinha-me num equilibrio demasiado proprio e demasiado solitario para alguém que ama intensamente a vida, quando dei por mim, estava á beira dum precipicio, e por mais estranho que possa parecer, não com o intuito de suicidio mas sim com uma vontade imensa de me lançar e planar numa realidade mais profunda sem nunca a penetrar. Lancei-me sem pensar nas consequências e dei-me conta que na verdade, aqule meu estado de metamorfose, tinha acabado há muito tempo e como não tinha abandonado o casulo, limitava-me a existir sem viver. agora sim, sentia intensamente cada brisa, cada gota de agua, cada raio de sol... sentia o emergir de sensações e emoçoes que ate á data me eram estranhas. se as forças se vão manter ou vão fraquejar, não sei, se cair pelo menos caio com uma pequena ideia de como a fragilidade humana depende de cada um de nos... nem demasiado aventureiros para nos lançar-mos do Olimpo, nem demasiado cobardes para nos mantermos num submundo imundo e desprovido de luz... nem os ratos que habitam o esgoto vivem sem terem provado o sabor da superfície...

21 de setembro 2008
Pandora de Montmartre

segunda-feira, 15 de setembro de 2008



No sono dos justos entro em silêncio...
Sopro baixinho ao ouvido o meu desejo
de te ter numa noite por inteiro...

16 de setembro 2008
Pandora de Montmartre

Espera ansiosa...


Pulsar de tempo ansioso...
Compasso desgastante
que fará emergir a loucura,
quando entrares no mais profundo de mim
e me consumires como último trago de água
deixando o odor da tentação consumada...

15 de Setembro 2008
Pandora de Montmartre

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Encontros




Não fosse o destino fazer-nos cruzar
e trazer consigo todo um conjunto de estranhos momentos...
Ironia talvez.
Mas cada nova sensação
traz consigo um murmurio obsceno
de quem quer apenas vestir o corpo com ternura...
E quando o desejo grita ensurdecedor
revela so a proximidade de um suspiro quente
e de duas vozes ofegantes
que se unem numa ardência cadênciada...

Saciam-se vontades pecaminosas
numa envolvente luxuriosa
onde a penitência será o tempo de espera
até se voltarem a consumir...
11 de Setembro 2008
Pandora de Montmartre/ Fernando Miguel Santos