Até já

"Ser-se velho é um posto. Um estatuto que se atinge. Não é para todos, por isso podem chamar-me velho à vontade. É bom sinal." Manuel Jorge Leitão

Leva consigo o segredo da vida.
Para traz restam memórias.
Coleccionava histórias que recontava com alegria,
e em cada um delas brotava sabedoria.
Foi em si mesmo a simplicidade pura da existÊncia,
em nós a magnitude de quem nos ensina.

Será em todo o momento, a recordação daquele que nunca se fartou de viver,
Aquele a quem a vida ceifou o corpo, mas jamais poderá eliminar a essencia.

Até já Manuel Jorge

Diana Ferreira
30 de Dezembro de 2010

Refúgio

Sinto que não pertenço aqui...
Por mais que procure sei que nunca me vou achar...
quando estou sóbria pela razão conformo-me...
quando me embriago nas emoções...grito, corro.. anseio...
por tentar ser o que este mundo não me permite...

28 de Dezembro 2010
Pandora de Montmartre

Seguimento

Numa das mãos guardo sonhos,
na outra, ambições...

A ti guardo-te no pensamento,
aconchego-te no meu peito,
e levo-te onde mais ninguém vai.

Partir, sem medo, para a aventura,
Levar-te, em segredo, com ternura,
e ficarmos só nós sem mais nada.

30 de Agosto 2010
Pandora de Montmarte

Medos

Sucumbi à sombra.
Vou segui-la e ver onde me leva,
no entanto ela segue-me para ver onde eu a levo.

E neste rodopio não vou a lado nenhum.
Fico e permaneço...este carrocel não anda mais.

19 de Julho 2010
Pandora de Montmartre

Desabafo

Preciso que me aconteça alguma coisa de extraordinário para sair deste buraco onde me enterrei, erguer a cabeça e respirar um ar novo, desprovido de cheiros mundanos, de putrefacções mentais e de falsas teorias activistas que não nos levam a lado nehum.

27 de Maio 2010

Pandora de Montmartre

Madeira queimada

Nas tuas entrelinhas, vejo outrora as minhas...

e sinto-te a dor...

Ao longe fumegante,

outrora uma chama acesa...cinzas...

jamais deixarei que o vento as leve,

que os passos a enterrem,

ou que o chão as consuma...

24 de Maio 2010

Pandora de Montmartre

Eu não sabia

Eu não sabia que tinha de conquistar cada degrau...nem sabia que quanto mais depressa os tentasse subir, mais altos se tornavam...não me dava tempo de crescer.
Quando cheguei ao topo...desilusão.
Afinal é errado querer crescer depressa...mas eu nao sabia.

Pandora de Montmartre
12 de Abril 2010

Jogo da estátua

Não é quando eu quero,
é quando o tempo me permite.
Nem é porque eu gosto, é porque é uma necessidade.
E tudo o que eu quero é o que não me é permitido,
porque o que me permitem não me sacia,
não me move, nem me liberta.

Pandora de Montmartre
07 de Janeiro 2010

Tempo

Recordo-te na palma da minha mão
a guardar-me na palma da tua.

Escreviamos no céu promessas de areia,
e em cada tronco o nosso nome.

Se eu tinha sede,
davas-me os teu lábios a beber,
E a tua fome,
matava-a o meu corpo.

Crescemos pedras lado a lado...
que o tempo e a erosão desgastaram.

Pandora de Montmartre
03 de Janeiro 2010